Uma peça, Uma história
“Uma Peça, Uma História” é uma iniciativa do Museu de Portimão que pretende dar a conhecer objetos relevantes das suas coleções, e que não estão habitualmente em exibição.
Era empregue para vazar letras e números em “cartões”, com os quais se marcavam os caixotes de madeira e as caixas de cartão, onde eram arrumadas as latas de conservas para comercialização.
"A estopa vem em bruto e depois (...) é aberta, desfiada para fazer um véu. Depois é torcida, vai-se ligando uma à outra, muito ao de leve aqui em cima das pernas. (...). Faz-se um rolo daquilo e está preparada para calafetar.
(...) Há uns ferros, uns têm um modelo, outros têm outro: um é para meter estopa e outro é para dar aperto. Com um maço de madeira, bate-se no ferro e a estopa é ali bem apertada. Depois há outro homem para dar a massa, a costura é tapada e depois o barco é pintado."
As cafeteiras de soldar aquecidas a carvão, foram os primeiros utensílios usados pelos soldadores para proceder ao fecho das latas de conserva, sendo mais tarde substituídas pelos ferros a gás, mas mantendo o chumbo como produto para a solda.
"No estaleiro (...) o tronco era alinhado e marcava-se a espessura das tábuas que a gente queria tirar.(...)"
José Gregório, serrador em Monchique
(...) "Para serrar a madeira, era com as serras braçais: Um dos homens trabalhava por cima, de pé, sobre o toro, o outro por baixo, por vezes de joelhos. O que está em cima anda para trás e o que está em baixo anda para a frente. A serração do tronco era feita a quatro tempos: dois cortes a direito, um por cima e outro por baixo”.
Na litografia, o desenhador fazia o desenho da marca da lata, primeiro em papel e depois passava-se esse desenho para a pedra litográfica. Depois, da pedra litográfica tiravam-se as cópias, para fazer os transportes, com uma prensa.
Havia a separação das cores, que havia latas que levavam uma, duas, três e quatro cores. O transportador picotava o desenho da pedra numa cartolina, com papel celofane e goma. Depois era prensado, era decalcado na folha de zinco.
Os métodos de navegação desde sempre implicaram uma necessidade de conhecimento dos fundos marítimos. Desde a antiguidade que utilizavam técnicas que, a partir da superfície, iam desde o simples “varar” até à utilização de sondas de chumbo. Através da concavidade existente na parte inferior desta sonda, na qual se colocava resina, era possível trazer à superfície uma pequena mostra de sedimento do fundo do rio e assim conhecer a sua composição de forma a evitar obstáculos ao curso da embarcação.
A fama e prestígio que esta marca adquiriu ao longo de décadas levaram a que em 2014, a marca “La Rose” voltasse a ser produzida através da empresa conserveira “Ramirez”.
A palavra “Marion”, localizada nas traseiras da sua cabine, está diretamente relacionada com a cidade norte-americana Marion, no Ohio, onde em 1884 se instalou a empresa “Marion Steam Shovel Company” que os fabricou. Foi igualmente a esta companhia que o governo americano recorreu para o fornecimento das grandes escavadoras necessárias à construção do Canal do Panamá.
Ao longo do seu intenso percurso de vida pela Europa e Norte de África, na transição entre o século XIX e XX (1860-1941), Manuel Teixeira Gomes foi reunindo um significativo conjunto de peças decorativas e objectos de arte, que lhe moldaram uma outra sua faceta, porventura menos conhecida mas igualmente peculiar, como coleccionador, designadamente de pintura, escultura e artes decorativas.
Directamente dos barcos, inicialmente dos buques e mais tarde das enviadas, a sardinha saía do porão das embarcações para a fábrica S.Francisco dos “Feu Hermanos", e igualmente para a maioria das outras fábricas, situadas nas margens do rio Arade, através de cestos de vime transportados por um sistema mecânico, em movimento contínuo, mais conhecido por “vai-vem”.
Eram tempos duros e difíceis, onde os atrasos na hora de entrada de homens e mulheres se pagavam caro com horas ou dias de suspensão de trabalho e de salário.
Quarenta e três anos depois de ter sido descoberta no fundo do rio Arade, a moeda de ouro romana, classificada como sendo uma “Aureus” de Faustina, do século II, regressa a Portimão, para integrar a título definitivo as coleções do Museu de Portimão.
Nesta máquina trabalhavam cerca de seis homens: o marginador metia a folha metálica na máquina, o impressor procedia à impressão das suas várias cores (uma cor de cada vez), outros dois homens metiam as folhas nos carros depois da impressão e os restantes dois retiravam os carros cheios, levando-os para a estufa e substituindo-os por outros vazios.
Recuperada em Portimão, do leito do Rio Arade em Junho de 2011, pela Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática (IGESPAR, I. P.), com a colaboração do Museu de Portimão (MP) e do Grupo de Estudos Oceânicos (GEO).
Com origem numa produção doméstica para família e amigos, a pastelaria Almeida abriu a porta, junto à zona ribeirinha de Portimão, em 1931, tornando-se uma referência de qualidade da doçaria regional.
As garrafas mais antigas foram oferecidas ao Museu de Portimão, por Clemente Camarinha e por João Reis respectivamente em 12 e 28 de Maio de 2012, e têm a particularidade de terem sido produzidas no ano da revolução dos cravos. Quanto ao exemplar de 1989, foi adquirido no ano seguinte, aquando da abertura da primeira grande superfície comercial de Portimão, pelo casal Hélder Cadete e Maria Cecília Dias, o qual decidiu igualmente oferecer ao Museu, em 2 de Maio de 2012.
Natural de Portimão de onde partiria aos 14 anos, José Augusto, transportou para o seu trabalho elementos do ambiente marítimo da sua terra natal, o brilho das águas do Rio Arade, as velas, os mastros e as formas dos barcos, presentes no quadro das “Traineiras”.
Máquina e cartão de “stencil”
Esta legenda podia ser posta na caixa na altura do embarque, mesmo antes ou depois dos fiscais do IPCP (Instituto Português de Conservas de Peixe) procederem ao controlo do lote de conserva.
Calafetar da embarcação
José Gregório, serrador em Monchique
Cafeteira de soldar
Com a revolução industrial, este sistema lento e manual seria abandonado para passar a ser mecânico, através das cravadeiras dez vezes mais rápidas e mais benéficas para a saúde, por evitar o uso do chumbo.
Esta profunda alteração na vida dos soldadores, que levou à sua extinção enquanto importante e decisivo grupo, considerada uma elite operária, deu origem a greves e a lutas para tentar impedir a entrada destas máquinas, nas fábricas de conserva.
Tinteiro
"Nós usávamos um tinteiro feito num bocado de madeira rectangular mais ou menos com 25 cm, onde se fazia dois buracos quadrados, um de cada lado. Metia-se água e almagre, que com uma esponja se misturava e se passava por uma linha de lã(...), feita numa dessas máquinas da cordoaria, para se alinhar.”
César Lopes, carpinteiro naval
As socas
Serra braçal
José Gregório, serrador em de Monchique
Prensa litográfica da Júdice Fialho
Lourival Arez (Litógrafo)
Sonda de Chumbo Romana
Esta peça é resultante de prospeções realizadas nas areias resultantes das dragagens do Rio Arade e depositadas na Praia dos Careanos. Foi recolhida por elementos do Projeto IPSIIS.
As Conservas “La Rose”
Guindastes Marion do Porto de Portimão
Tendo como finalidade assegurar e dinamizar a importante atividade comercial e industrial da região, o emblemático Guindaste “Marion 2” sofreu um processo de recuperação integral e integração museológica, sendo hoje uma importante peça do nosso património industrial, salvaguardando a necessária manutenção das referências históricas , sociais e culturais de Portimão.
Busto de um romano em bronze
É o caso do busto de um romano em bronze, com base em mármore do século XVIII, o qual seria licitado por Teixeira Gomes, num disputado leilão da Christie’s, presenciado por Urbano Rodrigues, que igualmente haveria de assistir à sua desembalagem na delegação portuguesa em Londres, onde esta escultura iria permanecer durante a presença do diplomata portimonense, enquanto representante de Portugal na Inglaterra. E é precisamente noutro leilão em Lisboa que, em 2006, esta peça é licitada para o Museu de Portimão e hoje se exibe no núcleo "Manuel Teixeira Gomes-Viajante, Político e Escritor”, da sua exposição principal.
Vai-Vem
Eles iam cheios para a “casa de descabeço” e aí dentro, antes que tornassem a sair, um operário mudava-os rapidamente para um outro “vai-vem” para que, ao passarem sobre as mesas, serem despejados de forma a fornecer a matéria-prima, para as operárias iniciarem imediatamente a primeira fase do processo de fabrico das conservas.
Ao reconstituir o antigo pontão e o “vai-vem” do transporte dos cestos, no seu local de origem, o Museu de Portimão procurou contribuir de forma museográfica e simbólica para uma melhor perceção desse inicial percurso ribeirinho, associado à história do mundo do trabalho marítimo e industrial, a que Portimão está profundamente ligado.
Será meio-dia ou meia-noite, neste relógio de ponto?
Mas antes do relógio de ponto, outros eram os métodos de assinalar a entrada no trabalho, como o caderno onde se encontravam assinalados os nomes dos operários, que o mestre ia chamando e a que se respondia com um “presente” ou “estou aqui”, a lembrar os tempos de escola. Um outro método de chamadas eram as chapas, “uma espécie de redondela”, que se passavam de um quadro para outro assinalando as entradas e saídas da fábrica.”
Áureus de Faustina
Esta moeda, designada “aureus”, foi cunhada entre os anos de 152 e 156 d.C., durante a vigência de seu pai, o Imperador Antonino Pio.
No inverso, mostra o busto de Faustina à direita, com o cabelo ondulado, apanhado sobre a nuca; apresenta a legenda FAUSTINA AUG. P II AUG FIL, ou seja, Faustina Augusta Pia, filha de Augusto, título ostentado pelo Imperador em curso, Antonino Pio.
No reverso, uma pomba caminhando e a legenda CONCORDIA.
Máquina litográfica
O horário de trabalho era das oito da manhã às cinco horas da tarde, com uma hora de intervalo para o almoço.
Anforeta
Sabia que o Laboratório de Conservação e Restauro do Museu de Portimão mantém esta peça, mergulhada em água, para tratamento de dessalinização (remoção total em várias águas, dos sais absorvidos ao longo do período de cerca de 400 anos, em que esteve no fundo do rio)?
Utensílios para a confeção de doçaria | Pastelaria Almeida
Fotografia: Paulo Barata
Garrafas de vinho | Cooperativa de Portimão
Encerrada em 1997, a adega de Portimão foi projetada em 1958, pelo arquitecto António Vicente Castro, com uma forte expressão modernista na organização dos espaços e formas.
“Traineiras” | 1955 - Óleo sobre tela | José Augusto (1922-2005)